segunda-feira, 1 de março de 2010

A teoria da “barata-voa”

Ciro agora admite ser o ‘vice’ numa chapa com Aécio

Em entrevista a uma emissora de rádio cearense, o multicandidato Ciro Gomes (PSB) injetou no debate sucessório a teoria da “barata-voa”.

Consiste no seguinte: José Serra trocaria as incertezas da arenga presidencial pela segurança de uma recandidatura ao governo de São Paulo.

“Nesse caso, o PSDB vai chamar o Aécio [Neves] para ser candidato”, teoriza Ciro. “E, em algum momento, o Aécio vai me chamar para ser vice dele”.

Ao cabo dos três movimentos, estaria consumada a atmosfera de “barata-voa”, abrindo-se no cenário eleitoral, no dizer de Ciro, “20 possibilidades”.

Para começar, diz o pluricandidato, “O PT, que hoje me pressiona para o governo de São Paulo, iria querer que eu concorresse à presidência”.

Por quê? Ciro responde: “Porque o Aécio vira favorito, com o apoio do Serra”.

Mas, afinal, aceitaria ser vice de Aécio? De início, o candidato a qualquer coisa disse que reafirmaria sua pretensão presidencial.

Minutos depois, na mesma entrevista, Ciro declarou: “Se acontecer a tese barata-voa, me chamem aqui de novo para conversar”.

O entrevistador insistiu. Se as baratas baterem asas, aceitaria dividir a chapa com Aécio? E Ciro, de bate-pronto: “Por que não?”

Perguntou-se também a Ciro se há corrupção no governo Lula. Ele respondeu afirmativamente, repisando as críticas à frouxidão moral das parcerias do PT:

“Essas alianças são um roçado de escândalos e eu já disse isso ao presidente Lula”.

Ciro voltou a criticar a tática de Lula de converter a eleição de 2010 em plebiscito. Para ele, o “debate plebiscitário e despolitizado” é um “crime”.

De resto, reafirmou que se considera melhor do que Dilma Rousseff: “Ela é boa, mas eu sou melhor do que ela, até porque eu já participei de umas 20 eleições e ela, de nenhuma”.

Como se vê, ficou ainda mais difícil saber a que cargo Ciro deseja concorrer: Presidente? Governador de São Paulo? Vice de Aécio? Nenhuma das alternativas anteriores?

De concreto, por ora, apenas a impressão de que o deputado vai se convertendo, devagarinho, numa espécie de barata-voa de si mesmo.
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2010-02-01_2010-02-28.html

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