Política e Economia
José Márcio Mendonça
Na Europa, o ministro do Planejamento, Guido Mantega, surpreendeu ao anunciar que não haverá nova prorrogação da redução do IPI da linha branca (geladeiras, fogões, máquinas de lavar) com o fim marcado para depois de amanhã. Os empresários davam como certa mais uma extensão do prazo.
Mantega também avisou que no fim de março cessa o mesmo benefício para os automóveis. Segundo ele está na hora de a economia ir voltando aos eixos. As vantagens para os móveis terminam em março e para materiais em construção e caminhões em junho.
O ministro da Fazenda não surpreendeu apenas os empresários. Há gente no governo, mormente no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior que também levou susto com a notícia. A dúvida é se esta ação foi combinada com o presidente Lula e se ele concorda totalmente com ela.
Afinal, uma das estratégias do Palácio do Planalto, tanto economicamente como eleitoralmente é manter o consumo em bom nível, principalmente o das classes C e D. O aumento do IPI elevaria naturalmente os preços dos produtos e refrearia a sua compra. Não é bom para quem quer manter o otimismo em dose cavalar e faturar votos com isso.
Não ficam claras a razões para Mantega ter tomado essa decisão além do fato de ele achar que a economia já está aquecida o suficiente para todos andarem por suas próprias pernas.
Pode ser para aliviar o caixa do governo e facilitar o cumprimento da meta de superávit primário este ano. A dee 2010, mesmo rebaixada várias vezes, só foi cumprida à base de doses cavalares de artifícios. Quem podem enganar no papel, mas não iludem os especialistas. Dois anos consecutivos de dee não cumprimento da meta causa burburinhos e desconfianças.
Com menos renúncia fiscal o Ministério da Fazenda pode atrender também a uma “reivindicação” do Banco Central por maior equilíbrio das contas públicas sem necessidade de cortar despesas em ano eleitoral. Esfriaria também um pouco a atividade econômico. Desse modo, poderá aquietar o Copom, que anda com uma vontade de aumentar os juros.
Por outro lado, o aumento nos preços dos produtores que perderem o IPI subsidiado levará alguma lenha para a fogueira da inflação. Uma inflação que tem dados sinais de inquietação neste início, como revelam índices revelados nos últimos dias do IPCA-15 e do IGPM. E o foco do Banco Central para aumentar a taxa Selic é ninguém mais ninguém menos do que a inflação.
É aquela situação se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. A saída seria cortar despesas. Porém, se em anos normais isto não é bem visto, em ano eleitoral é palavrão.
O desafio é como Mantega irá acomodar tudo, mais as pressões que esta manhã mesmo já começaram a pipocar dos setores interessados, indústria e comércio. Mas como neste governo nem o irrevogável é irrevogável, podemos esperar muitas explicações e até protelações.
OUTRO COMPLICADOR EM MINAS
A decisão do mercurial ex-presidente da República, Itamar Franco, de concorrer ao Senado em Minas pelo PPS, partido que com o DEM e o PSDB formam a oposição governo Lula, é mais uma dado para embaralhar o já embaralhado jogo da aliança de Lula no Estado.
O ex-presidente é hoje muito ligado ao governador tucano Aécio Neves, a quem serviu como dirigente do BDMG. Não está tão alheio assim aos lances eleitorais da oposição. Falou-se até que, em caso de Aécio desistir da vice de José Serra, ele Itamar poderia ocupar o lugar. Itamar disse que não quer.
O ex-presidente tem ainda grande prestígio no Estado e entra na disputa pelo Senado como um candidato muito forte. Forte também, tido como imbatível, é o governador Aécio. PT e PMDB negociavam suas composições jogando com a hipótese de um das vagas do Senado ficar para a aliança de Dilma. Assim se poderia acomodar Hélio Costa. Com essa composição tucana, esta situação. Hélio Costa já preferia correr ao governador estadual, agora mais ainda. Não vai para o que pode ser uma derrota certa no Senado.
Parece não haver saída para o PT a não ser ceder ao PMDB a primazia de ter o candidato a governador. Ele pode fazer isto em nome do projeto Dilma, mas será com muito sofrimento e com alguma mágoa. O que pode bater no ânimo do eleitorado mineiro.
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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
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