sábado, 2 de janeiro de 2010

Os "Fofos"

Smart e Mini lideram a trinca dos 'fofos' que chegaram no ano passado

Os chamados carros de nicho ou de imagem não são propriamente uma novidade no Brasil. Eles já existem desde o início da década, caso de modelos como Volkswagen New Beetle (releitura do velho Fusca) ou Chrysler PT Cruiser (inspirado num veículo dos anos 30). Mas ganharam novo fôlego com a chegada, pelas mãos das fábricas que os produzem na Europa, dos modelos smart fortwo (a smart pertence à Mercedes-Benz) e Mini Cooper (a Mini é do grupo BMW) -- e, mais recentemente, do Fiat 500, vindo diretamente da Polônia.



Supercompactos, figurinhas fáceis nas ruas europeias e amados pelas mulheres -- que usam termos como "gracinha" e "fofo" para descrevê-los --, eles costumavam desembarcar por aqui apenas quando um ou outro endinheirado resolvia trazê-lo, via importador independente.

No caso dos dois primeiros, ambos se revelaram uma grata surpresa de mercado. O smart, que chega nas versões Coupé e Cabriolet (conversível), sempre com dois lugares, teve até a primeira quinzena de dezembro 923 unidades comercializadas, enquanto o Mini registrou 869 no mesmo período. Embora a Fiat tenha preferido não se manifestar por acreditar ser "cedo demais" para avaliar a aceitação do modelo (o Cinquecento foi lançado oficialmente no início de outubro), o 500 emplacou 528 unidades -- nos meses cheios de outubro e novembro foram 197 e 143, respectivamente.



São volumes abaixo do que se anunciou no lançamento, quando a Fiat disse ter a pretensão de vender 250 unidades mensais. Na prática, o 500 vende o mesmo que o Mini Cooper, apesar de contar com uma rede de concessionárias bem maior (520 contra duas), custar menos (veja quadro nesta página) e estar constantemente na mídia, por meio de anúncios publicitários.

SÓ ALEGRIA

Lançadas em abril, as marcas smart e Mini, por sua vez, são só comemoração. "As vendas do smart estão muito acima do esperado. Nossa previsão inicial era de 500 unidades em 2009, mas devemos alcançar a marca de 1.400. O sucesso foi tão inesperado que tivemos de acelerar a ampliação da rede de concessionárias. Além das duas lojas em São Paulo, abriram mais três, no Rio, em Curitiba e Porto Alegre", afirma Roberto Gasparetti, gerente de marketing de automóveis da Mercedes-Benz.



Segundo o executivo, a consolidação do pequenino smart no país mostra que passou a tendência de o consumidor torcer o nariz para veículos inusitados, principalmente por causa de uma certa inconstância de marcas de importados. "A convivência do consumidor brasileiro com o carro importado é muito recente. Precisamos lembrar que as importações foram reabertas no início dos anos 1990, depois de cerca de 15 anos", lembra ele. "Hoje em dia já notamos a tendência de maior aceitação a modelos que expressem algo sobre o estilo de vida da pessoa. E o smart tem essa carcaterística", completa Gasparetti.

Não por outro motivo, no lançamento do smart a Mercedes tomou claramente o cuidado de tentar convencer a imprensa especializada -- e, por tabela, o consumidor -- de que lançava mais não só um novo (para o Brasil) modelo de automóvel, como também uma nova solução de mobilidade urbana capaz de combinar valores subjetivos, como design atraente, simpatia e exclusividade, a aspectos racionais hoje em alta entre "consumidores conscientes", como respeito ao meio ambiente, baixos consumo e emissões de poluentes e praticidade.

Há também a questão da exclusividade. Por parte das marcas, existe um cuidado especial em não deixar que o consumidor de um "fofinho" se sinta apenas "mais um" comprador do modelo. A Mercedes, por exemplo, afirma conhecer "quase que pessoalmente" as primeiras levas de compradores do smart. Já no caso do Mini Cooper, a preocupação com a individualidade de cada cliente já se expressa no próprio carro, que tem 337 opções de combinações externas e 264 possibilidades de personalizar cores e tipos de acabamentos internos.

"O Mini possui design muito original e a possibilidade de customização", aponta Larissa Nicolau, porta-voz da BMW do Brasil. Além disso, o desempenho esportivo -- são 122 cavalos de potência, que levam o carrinho de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos e à velocidade máxima de 203 km/h -- também empolga. São as melhores marcas antigidas pelos três "fofinhos".

E o Mini Cooper foi outro carrinho que pegou a marca desprevenida. A expectativa inicial era comercializar, desde abril, 600 unidades em 2009. Até outubro, no entanto, a barreira dos 652 carros já havia sido ultrapassada. "Somente em outubro foram entregues 176 unidades dos modelos Cooper, Cooper S, Cooper S Clubman, além das versões conversíveis Cooper Cabrio e Cooper S Cabrio", afirma Larissa. Por isso a marca precisou ampliar as remessas do carro, além de prever a abertura de pelo menos mais duas concessionárias -- uma no Rio e outra em Belo Horizonte (MG).

Os "fofinhos" smart fortwo, Mini Cooper e Fiat 500 ainda não têm (e provavelmente nunca terão) volume de vendas suficiente para ameaçar os modelos das grandes marcas. Para se ter uma ideia, os três juntos respondem apenas por 0,71% do mercado dos hatchbacks pequenos, categoria que inclui Volkswagen Fox, Citroën C3 e Chevrolet Agile, por exemplo. Mas começam a ter uma presença considerável nas ruas -- a ponto de já não ser tão difícil assim ver um deles transitando em São Paulo. Apesar do tamanho diminuto...
http://carros.uol.com.br/ultnot/2009/12/21/ult634u3744.jhtm

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