segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"Vestido vermelho" de Geisy Arruda

Ecos da expulsão que inaugurou uma ‘época despida’

Formalizada em anúncio veiculado neste domingo (8), a expulsão da estudante Geisy Arruda dos quadros da Uniban inaugurou uma época despida.

Ao punir a estudante do minivestido e livrar a cara dos "talibãs" que a agrediram, a Unibam expôs uma nudez que ninguém queria ver: o nu acadêmico.

Vão abaixo alguns ecos que entrecortaram a pasmaceira de um domingo modorrento:

- Esclarecimentos: Insatisfeito com as explicações providas pela Uniban, o MEC vai oficiar a escola. Quer saber, tintim por tintim, o que motivou a expulsão.

Ouça-se a secretária de Ensino Superior do ministério, Maria Paula Dallari: "Vamos analisar o que ocorreu...”

“...Em vista dos esclarecimentos, o MEC pode recomendar que a universidade se comporte como uma instituição de educação".

- De vítima a ré: A ministra Nilcéa Freire (Políticas para as Mulheres) veio aos holofotes para realçar o “absurdo” que a transparência do episódio deixou à mostra:

“A estudante passou de vítima a ré. Se a universidade acha que deve estabelecer padrões de vestimenta adequados, deve avisar a seus alunos claramente”.

Nilcéa cogita acionar, além do MEC, o Ministério Público. Falou num seminário do qual participava também a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que a endossou:

"Mesmo que ela fosse uma prostituta, qual seria o problema da roupa? Temos que ter tolerância com a decisão e postura de cada um", disse Erundina.

- Repercussão: Na era do cristal líquido, a exposição das entranhas ganhou as versões on-line de veículos de comunicação do estrangeiro.

O caso foi penduradado nos sítios de agências internacionais –Associeted Press e Efe—; de jornais –NY Times, Guardian e Daily Telegraph—; e de TV –CBS.

- Solidariedade: A UNE levou ao seu portal uma nota. Termina assim: “Exigimos que a matrícula­ da estudante seja mantida...”

“...Que a Universidade se retrate publicamente e que todos os agressores sejam julgados e condenados não somente pela Uniban, mas também pela Justiça”.

Presidente da UNE, Augusto Chagas comparou: "É como nos casos em que se responsabiliza a vítima de um assalto por estar segurando a carteira...”

Ou quando “...se diz que uma mulher é culpada quando sofre um assédio ou abuso por causa da sua roupa. Isso nos parece lamentável".

- Perplexidade: Nehemias Melo, advogado de Geisy, declarou-se “perplexo” e “atordoado” com a expulsão de sua cliente.

O advogado reúne-se com a estudante nesta segunda (9). Nesse encontro, vai definir as providências a adotar.

Como se vê, ao lidar com o episódio de modo enviesado, a Uniban colhe o pior tipo de exposição.

Descobriu-se que, sob o manto diáfano que recobre as entranhas da universidade, esconde-se um moralismo fora de época.
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br

Um comentário:

Leandro Manes Duque disse...

Reitor da Uniban revoga expulsão de aluna
O reitor da Universidade Bandeirante (Uniban), Heitor Pinto Filho, decidiu no início desta noite anular a expulsão da aluna Geisy Arruda, de 20 anos. A expulsão foi decidida pelo Conselho Universitário (CONSU) da instituição na última sexta-feira e divulgada ontem.
Matéria completa:
http://noticias.br.msn.com/brasil/artigo.aspx?cp-documentid=22550430