O governador Sérgio Cabral diz que o Rio de Janeiro vive “tempos de paz”, obviamente porque não acompanha o que acontece no nosso estado, até porque passa bom tempo no exterior e quando está aqui tem uma atribulada agenda de eventos sociais.
Hoje, o jornal O GLOBO confirma a versão de Cabral. Segundo os dados divulgados pelo ISP (Instituto de Segurança Pública), no mês de setembro os assaltos de rua tiveram a maior queda dos últimos 6 anos. Entenda-se por assaltos de rua, roubos a transeunte, roubos de celulares e assaltos a ônibus. Os roubos de veículos então sofreram uma queda de 25%, em relação ao ano passado.
Sinceramente, diante desses números não sei por que o governador Sérgio Cabral quer trocar o comandante-geral da PM? Sim, porque a Polícia Militar é responsável pelo policiamento ostensivo nas ruas.
Olha, esses números são vergonhosos. O ISP criado no meu governo para acompanhar a evolução das diferentes modalidades de crimes e servir para nortear a política de segurança e estabelecer estratégias localizadas está perdendo completamente a sua credibilidade. Virou uma arma para a propaganda de Cabral.
Ninguém que mora no Rio de Janeiro acredita nesses números. Não dá para levar isso a sério, o que é lamentável. Me lembro que em 2008, diante da escalada da violência, Sérgio Cabral trocou a presidente do ISP, a antropóloga Ana Paula Miranda pelo coronel Mário Sérgio, hoje comandante-geral da PM, porque ela não aceitou fazer parte da “maquiagem” dos números para favorecer o governador.
De lá para cá, os boletins do ISP passaram a apresentar dados absolutamente questionáveis. É o caso de “epidemia” de pessoas desaparecidas. Digo “epidemia” porque, de uma hora para a outra sem nenhuma justificativa, todos os meses o Rio passou a bater recordes de pessoas desaparecidas. Entre os policiais se brinca que o aumento de pessoas desaparecidas se justifica porque muitas ocorrências relativas a mortes violentas “desaparecem” nos arquivos do ISP.
A primeira página de O DIA (edição desta sexta-feira) mostra realmente como são “os tempos de paz” que o Rio vive, usando as palavras de Sérgio Cabral. Podem inventar os números que quiserem, mas não dá mais para enganar as pessoas. A violência está descontrolada e os assaltos de rua aumentam, a cada dia. Essa é a realidade que assusta a todos nós que moramos no Rio de Janeiro.
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